O dinheiro ganho por 100 magnatas em 2012 bastaria para acabar 4 vezes com a pobreza do mundo

Nossa época, que, vista em perspectiva, é herdeira praticante a mais de quatro séculos de um sistema econômico específico, se caracteriza em boa medida pela iniquidade de seus mecanismos cotidianos, o desequilíbrio que, ainda que pareça incrível a alguns, torna possível a precária subsistência da maioria.

Agora, de acordo com a ONG Intermón Oxfam, esta desigualdade, que cria a pobreza extrema em que vivem milhões de pessoas em todo mundo, poderia ser erradicada até 4 vezes utilizando os rendimentos anuais de apenas 100 pessoas.





O sistema capitalista, ideologicamente, faz nos crer que se esforçarmos muito, trabalhando de forma incansável, poderíamos ser parte atuante da ciranda, das estruturas, que fazem com que, paradoxalmente, a riqueza e a pobreza sejam situações quase autônomas, alheias ao que uma pessoa faça ou deixe de fazer em seu limitado âmbito individual.

No entanto, a brecha entre os privilegiados e os desprotegidos ampliou de tal forma que, de acordo com a citada organização não governamental, a fortuna pessoal de 100 multimilionários bastaria para erradicar a pobreza extrema do mundo até por 4 vezes.

A ONG, com sede em Barcelona, Espanha, preparou um relatório a respeito da desigualdade econômica intitulado "O custo da iniquidade: como a riqueza e os rendimentos extremos fazem mal a todos", que será apresentado na próxima edição do Foro Econômico que é celebrado anualmente na cidade suíça de Davos.


De acordo com a Intermón Oxfam:

- "O 1% das pessoas mais ricas do planeta incrementaram seus rendimentos em 60% nos últimos 20 anos e a crise financeira não fez mais do que acelerar esta tendência, em vez de miná-la, motivo pelo qual os 240 bilhões de dólares de rendimentos líquidos das 100 pessoas mais ricas do planeta bastariam para acabar quatro vezes com a pobreza extrema".

Como alternativa de uma possível solução, Jeremy Hobbs, diretor executivo de Oxfam, apela ao poder que têm os líderes mundiais para reverter dita situação, atacando problemas que a fomentam como os paraísos fiscais ou leis trabalhistas que privilegiam o acúmulo financeiro a custo dos direitos trabalhistas.

- "Os mais ricos beneficiam-se de um sistema econômico global que está arranjado a seu favor", declarou Hobbs.

Talvez a situação fosse outra se todos os 100 pensassem como o segundo homem mais rico do mundo com uma fortuna estimada em mais de 66 bilhões de dólares, Bill Gates, co-fundador e ex-CEO da Microsoft, demonstrou já em diversas vezes ser uma pessoa com os pés firmes no chão, e agora dá novamente mostras disso em uma entrevista concedida ao jornal britânico Telegraph, onde afirmou que o dinheiro não tem muita utilidade para ele para além de suas obras beneficentes.

Muita gente imagina que o maior filantropo do mundo gasta exorbitantes quantias de efetivo em mansões, iates e luxos, no entanto, o enfoque que dá a seu dinheiro é outro:

- "Certamente, estou bem coberto em termos de alimentos e roupa. O dinheiro não tem utilidade para mim até certo ponto. Sua utilidade está inteiramente em construir uma organização e conseguir os recursos para os mais pobres do mundo", afirmou.

E até agora, Gates tem sido bem consequente com suas palavras, já que através de sua fundação Bill and Melinda Gates Foundation doou até a data cerca de 28 bilhões, e a ideia do tio Bill é que através dos 20 anos que ele estima que tem ainda de vida, ele e sua esposa Melinda, consigam doar 95% de sua fortuna à caridade. Por quê?

- "É sobre dignidade humana e equidade. A regra de ouro é que todos os que vivem têm o mesmo valor, e deveríamos tratar todas as pessoas como nós gostaríamos de ser tratados", finalizou.
(isso me lembra uma certa passagem bíblica: Mateus 7:12)

Acho que Bill Gates, ao lado do amigo Warren Buffet, são desses poucos milionários que se deram conta que ter tanto dinheiro não serve de nada, que dinheiro não se come, que não compra a felicidade, enquanto permite viver bem. Ao que parece não sofrem daquela desordem mental de querer acumular riquezas sem saber o que fazer com tudo isso. Alguém poderia dizer que é fácil ser filantropo quando se tem dinheiro. Exatamente! Quantos milionários conhecemos na atualidade que tem este desprendimento?

Fácil é fazer como aquele empresário espanhol que para sair na capa dos jornais e revistas doou 0,05% de seu patrimônio, isso qualquer um pode fazer a qualquer momento, agora pergunte àquele mesmo senhor se ele doaria metade do seu patrimônio. Muito provavelmente ele riria na sua cara.


Fonte: Oxfam e Neo Win
Créditos: www.mdig.com.br