quarta-feira, 8 de junho de 2011

Você está contente com o que faz?

Enquanto dirigia estrada afora, o motorista começou a pensar de si para consigo: vida boa mesmo deve ser a desse executivo que está me ultrapassando , dirigindo seu belo carrão de luxo! Não tem patrão para lhe cobrar horários, nem tem que passar dias na estrada como eu, longe de casa e da família! Enquanto o executivo ultrapassava aquele motorista pensava como era difícil a sua correria diária. As preocupações com os negócios, as viagens longas, as reuniões intermináveis, o salário dos empregados, a instabilidade do mercado e da economia, a perversidade da concorrência!



Como o dia acabava de amanhecer, o agricultor solitário já estava capinando a lavoura, enquanto ouvia ao longe o barulho dos veículos a passar na rodovia. Aquele seria, como outros tantos, um dia de trabalho árduo, de sol a sol. Ele sulcava o solo e ao mesmo tempo pensava na vida. Como era difícil a sua luta diária para sustentar a família, na crise da agricultura, no baixo preço de sua produção. Algumas vezes se surpreendeu questionando a justiça de Deus, que o escolhera para o trabalho duro enquanto privilegiava outros com tarefas leves, agradáveis e bem remuneradas. 

O sol já começava a arder quando ele, cansado, tirou o chapéu e limpou o suor que escorria pelo rosto. Apoiou o braço sobre o cabo da enxada e se deteve a olhar ao redor por alguns instantes. Ao olhar a rodovia que cruzava as plantações, ele avistou um ônibus que por ela transitava vencendo as distâncias. Imediatamente pensou consigo mesmo: vida boa deve ser a daquele motorista de ônibus. Trabalha sentado, e sem muito esforço conduz as pessoas à seus destinos. Não toma chuva nem sol, e ainda de quebra deve ouvir uma musiquinha para se distrair!

O motorista do ônibus, quase que dirigindo por automatismo, pensava: tenho tantas coisas para resolver na minha casa, mas os compromissos das viagens não me permitem, isso me angustia tanto. Mergulhado em seus pensamentos, seguia sua viagem , quando percebeu um sinal no céu. Era o sinal deixado pelas turbinas de um avião que cruzava os ares, e disse monossilábicamente: vida boa é a de piloto de avião. Conhece o mundo inteiro de graça, não precisa enfrentar esse trânsito infernal e o salário não é esta miséria!

Dentro da cabina da aeronave estava o piloto a pensar nos seus próprios problemas: “como é dura a vida que eu levo. Semanas longe da esposa, dos filhos, dos amigos. Vivo mais tempo no ar do que no solo, de hotel em hotel nas escalas , com temperaturas irregulares e alimentação sempre comercial. Para agravar, estou sempre preocupado com as centenas de pessoas que viajam sob minha responsabilidade, sem falar do stress dos controladores de vôo, o que aumenta nosso risco!”

Nesse instante, um ponto escuro no solo lhe chamou atenção. Observou atentamente e percebeu que era um homem trabalhando na plantação. Exclamou para si mesmo com certa melancolia: “Ah, como eu gostaria de estar no lugar daquele homem, trabalhando tranqüilamente na sua lavoura , ouvindo o canto dos pássaros, respirando ar puro e sem maiores preocupações na vida! Ao final do dia vai voltar para casa, abraçar a esposa e os filhos, jantar tranquilamente e repousar serenamente ao lado daqueles que tanto ama. Isso sim é que é vida boa!”

Para concluir: eu acredito que, muitas vezes, não sabemos qual é o melhor lugar para nós, nem do que necessitamos realmente, e com frequencia reagimos contra as lições que devemos aprender nesta vida. Na verdade amigos, um dia vamos acabar descobrindo que estamos no lugar correto, com as pessoas certas, e na profissão adequada!

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